quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Doutorado na PUC- A Preguiça Baiana


Foto daqui

DOUTORADO NA PUC - TEMA: 'PREGUIÇA BAIANA'
'Preguiça baiana' é faceta do racismo. A famosa 'malemolência' ou preguiça
baiana, na verdade, não passa de racismo, segundo concluiu uma tese de
doutorado defendida na PUC. A pesquisa que resultou nessa tese durou
quatro anos.
A tese, defendida no início de setembro pela professora de
antropologia Elisete Zanlorenzi, da PUC-Campinas, sustenta que o baiano é
muitas vezes mais eficiente que o trabalhador das outras regiões do Brasil
e contesta a visão de que o morador da Bahia vive em clima de 'festa eterna'.
Pelo contrário, é justamente no período de festas que o baiano mais
trabalha. Como 51% da mão-de-obra da população atua no mercado informal,
as festas são uma oportunidade de trabalho. 'Quem se diverte é o turista',
diz a antropóloga.
O objetivo da tese foi descobrir como a imagem da preguiça baiana surgiu e
se consolidou. Elisete concluiu, após quatro anos de pesquisas históricas,
que a imagem da preguiça derivou do discurso discriminatórios contra os
negros e mestiços, que são cerca de 79% da população da Bahia.
O estudo mostra que a elevada porcentagem de negros e mestiços não é uma
coincidência. A atribuição da preguiça aos baianos tem um teor racista.
A imagem de povo preguiçoso se enraizou no próprio Estado, por meio da
elite portuguesa, que considerava os escravos indolentes e preguiçosos,
devido às suas expressões faciais de desgosto e a lentidão na execução do
serviço (como trabalhar bem-humorado em regime de escravidão??? ?).
Depois, se espalhou de forma acentuada no Sul e Sudeste a partir das
migrações da década de 40. Todos os que chegavam do Nordeste viraram
baianos. Chamá-los de preguiçosos foi a forma de defesa encontrada para
denegrir a imagem dos trabalhadores nordestinos (muito mais paraibanos do
que propriamente baianos), taxando-os como desqualificados, estabelecendo
fronteiras simbólicas entre dois mundos como forma de 'proteção' dos seus
empregos.
Elisete afirma que os próprios artistas da Bahia, como Dorival Caymmi,
Caetano Veloso e Gilberto Gil, têm responsabilidade na popularização da
imagem. 'Eles desenvolveram esse discurso para marcar um diferencial nas
cidades industrializadas e urbanas. A preguiça, aí, aparece como uma
especiaria que a Bahia oferece para o Brasil', diz Elisete. Até Caetano se
contradiz quando vende uma imagem e diz: 'A fama não corresponde à
realidade. Eu trabalho muito e vejo pessoas trabalhando na Bahia como em
qualquer lugar do mundo'.
Segundo a tese, a preguiça foi apropriada por outro segmento: a indústria
do turismo, que incorporou a imagem para vender uma idéia de lazer
permanente 'Só que Salvador é uma das principais capitais industriais do
país, com um ritmo tão urbano quanto o das demais cidades.'
O maior pólo petroquímico do país está na Bahia, assim como o maior pólo
industrial do norte e nordeste, crescendo de forma tão acelerada que,
em cerca de 10 anos será o maior pólo industrial na América latina.
Para tirar as conclusões acerca da origem do termo 'preguiça baiana', a
antropóloga pesquisou em jornais de 1949 até 1985 e estudou o
comportamento dos trabalhadores em empresas. O estudo comprovou que o
calendário das festas não interfere no comparecimento ao trabalho. O
feriado de carnaval na Bahia coincide com o do resto do país. Os recessos
de final de ano também. A única diferença é no São João (dia 24 /06), que
é feriado em todo o norte e nordeste (e não só na Bahia).
Em fevereiro (Carnaval) uma empresa, cuja sede encontra-se no Pólo
Petroquímico da
Bahia, teve mais faltas na filial de São Paulo que na matriz baiana (sendo
que o n° de funcionários na matriz é 50% maior do que na filial citada).
Outro exemplo: a Xerox do Nordeste, que fica na Bahia, ganhou os dois
prêmios de qualidade no trabalho dados pela Câmara Americana de Comércio
(e foi a única do Brasil).
Pesquisas demonstram que é no Rio de Janeiro que existem mais dos chamados
'desocupados' (pessoas em faixa etária superior a 21 anos que transitam
por shoppings, praias, ambientes de lazer e principalmente bares de
bairros durante os dias da semana entre 9 e 18h), considerando
levantamento feito em todos os estados brasileiros. A Bahia aparece em 13°
lugar.
Acredita-se hoje (e ainda por mais uns 5 a 7 anos) que a Bahia é o melhor
lugar para investimento industrial e turístico da América Latina, devido a
fatores como incentivos fiscais, recursos naturais e campo para o mercado
ainda não saturado. O investimento industrial e turístico tem atraído
muitos recursos para o estado e inflando a economia, sobretudo de
Salvador, o que tem feito inflar também o mercado financeiro
(bancos,financeiras e empresas prestadoras de serviços como escritórios de
advocacia, empresas de auditoria, administradoras e lojas do terceiro
setor).

Não sei a veracidade desse texto, nem a autoria, mais de grande verdade na minha opinão. E em pesquisa, nesse blog,Cortando um Dobrado você encontra mais.
Mais um que recebi e achei maravilhoso, por isso tive que compartilhar aqui.
Xeros!

28 comentários:

  1. Arrasou!!!! Adorei, o Brasil(Sul/Sudeste) é cheio de preconceitos em relação aos nordestinos, acham que aqui tudo é festa, por causa do carnaval ou miseria por causa das secas... Esquecem que antes de tudo o Carnaval é uma época de trabalho para todos nós! E o racismo então, ai é que o bicho pega realmente, real e enraizado no pensamento do Brasileiro... Esquecem que a lentidão dos escravos era uma forma de resistencia a opressão da escravidão, uma forma de marcar o ritmo do seu trabalho, se ser independente dentro de uma estrutura de dependencia!!!

    Enfim, fiquei com vontade de ler essa tese, parabéns pela postagem e vamos que vamos que toda mudança começa com o pensar, o problematizar a realidade e a blogosfera é um bom lugar para fazer isso!

    Beijos, cheros e até mais!

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  2. No mínimo foi um baiano que teve esta ideia,para uma tese de doutorado...rsrsrsrsrBjssssssssssss

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  3. Oi Ana Karla

    A história constrói mitos e mentiras que, de tanto ser repetidas, se tornam "verdades" absolutas. Lamentável.

    Beijos, excelente post

    Carla

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  4. Bem, não posso atestar a veracidade porque nunca fui à Bahia...mas parece ter razão a nossa antropóloga. Tb dizem que carioca é preguiçoso e vive na praia...eu vejo é o pessoal se lascando de trabalhar, quem está na praia ou é aposentado ou estudante ou quem não tem trabalho fixo...é puro preconceito mesmo...agora, a "burrocracia", o funcionalismo que não funciona...não todos, é óbvio, mas que tem, tem, seja nas repartições públicas, nas câmaras, no senado,etc, etc, a postergação, o deixa pra depois, isso existe mesmo e é incontestável...Vai abrir uma firma pra ver quanto tempo demora...vai precisar de um documento pra ver o tempo que vai custar pra sair...mas isso tudo são resquícios do colonialismo e da ditadura...ainda falta muito pro nosso país chegar ao primeiro mundo...Enquanto isso, que tal uma balançadinha numa rede ao sol de Itapuã? Até eu queria...hehe beijos, adorei esse post! Gosto de posts assim, que dão prazer de comentar e refletir! Beijão xerosa!

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  5. OI AMIGA,
    O povo baiano é fantástico.
    Estive nas minhas férias em Salvador, e é um povo trabalhador e muito. Preguiçoso não rala de segunda a segunda.
    É que muitos confundem a felicidade com a vagabundagem, a insolência... Ser feliz é para poucos, e esse povo sabe com maestria.
    Beijos

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  6. Olá, vim te convidar a passar no hanukká e ler sobre anjos, a ministração deles em nossas vidas.
    Os anjos são reais! São seres espirituais criados em tempos eternos com finalidades definidas e que estão ao derredor dos escolhidos do Senhor, livrando-os e conduzindo-os no dia-a-dia. Não devem ser adorados, cultuados. Em relação a eles cabe a nós a certeza do grande amor de Deus, que de todas as formas procura amparar os seus filhos e propiciar-lhes uma vida de vitórias.

    bjos.

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  7. Bem interessante Ana!
    Gostaria de ler esta tese.
    Bjs.

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  8. Nunca tinha pensado que existia um preconceito contra os nordestinos, mas vi que realmente tem.
    Minha ginecologista veio de Salvador para Poços de Caldas, teve a maior dificuldade para poder entrar no corpo clinico dos hospitais e até mesmo de planos de saúde...fiquei horrorizada, ela é super competente, e está conseguindo com sua competencia mostrar que as universidades de lá são ótimas, e que o povo ali não é preguiçoso não.
    É triste isso...muito triste!
    bjs
    Tina 9SONHAR E REALIZAR)

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  9. Uma tese de doutorado sobre isso?Ai gente do Céu nunca imaginei uam tese sobre isso, bom quem vai lá na bahia fala q o povo vive dançando e rebolando eu não tenho nada a declarar pq nunca fui lá.Então não sei mesmo se o bahiano é malandro, preguiçoso etc e tal.Na real eu creio q toda generalização é burra assim ocm oteu gaúcho preguiçoso tem bahiano trabalhador,não dá pra dizer que um povo é assim ou assado, cada um é um...
    Beijos

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    1. Na proporção de gaúcho heterossexual, deve haver baiano trabalhador.

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  10. Ixi......o preconceito não é só contra baiano não. Moro numa ilha no sul e somos taxados de preguiçosos tb. Motivo: 42 praias e pesca. Eita povo que confunde as coisas.

    bjs

    Tem mimo para vc aqui:

    http://quemmoradentrodemim.blogspot.com/2011/02/selinho-do-blog-lesada-e-apimentada.html

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  11. Karla,

    Eu acredito na veracidade desse texto, apesar de nunca ter ido a Bahia.

    Acredito que existem pessoas preguiçosas em todos os lugares, isso é muito relativo. Em geral o povo brasileiro é muito batalhador.

    Cada cidade leva uma fama. E isso acontece com os países também.

    Quando se fala de Brasil, aqui; as pessoas lembram logo de futebol, carnaval e mulher bonita. Eles pensam que nossa vida é uma constante festa..kkkkkk

    Bacana esse post, gostei muito.

    Beijos

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  12. Há pouco tempo eu estava pesquisando nos sites do IBGE e DIEESE sobre jornadas de trabalho para um texto de humor que escrevi sobre a rivalidade entre SP e RJ e acabei descobrindo que as estatísticas mostram que os baianos são os que mais trabalham em números absolutos de horas mensais no Brasil. Tudo o que você postou aqui é confirmado sim! Abraços, Ana. Paz e bem.

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  13. Bom dia amiga querida
    vim agradecer a força
    um beijo grande e um ótimo fds

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  14. Bom dia Ana, tudo bem?

    Não sei a veracidade da tese, mas eu concordo total com a Professora Apaixonada. Estive em Salvador e fui muito bem recebida. Até para dar uma simples informação as pessoas são prestativas, atenciosas. Fiquei encantada. As pessoas tem uma cara de felicidade e outra, o estresse, que aqui no sudeste tanto valorizamos, (se nao tiver estressado é sinal que não é produtivo - quanta bobagem), acho que para eles lá nao faz muito sentindo. Mas eles ralam pra caramba.
    A familia do meu marido é toda baiana e olha, são poucos que conheço com a coragem e disposição deles. Enquanto os paulistas não querem saber de tal trabalho pq é humilhante, é sei lá o que, eles metem as caras. São pessoas conscientes. Sabe que qualquer trabalho é digno.
    Excelente texto.
    Beijos e ótima sexta-feira para voce!!!

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  15. ... um show de história! A "preguiça" encontra-se em nosso vocabulário desde a época da colonização, enraizada pelos senhores de escravo... Há veracidade em seu post, Ana Karla. Lembra-se do personagem Jeca Tatu de Monteiro Lobato? Lobato não teve sorte com suas plantações cafeeiras, trazendo-lhe prejuízo, e pôs a culpa na "letargia" de seus "empregados". E por aí vai... tem um selinho para vc lá no meu canto... bjo, minha amiga!

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  16. Oi Karla, não é preciso ter certeza se é uma tese ou não para saber que rotular alguém, seja indivíduo ou coletividade, não funciona bem. É sempre discriminatório. Eu nunca estive na Bahia. Imagino que lá se trabalhe muito também. Conheço o Rio, sei que aqui, quando tem sol, tem gente na praia não importa dia de semana ou horário, mas sei que cariocas trabalham muito também, só que criam seu ritmo. Comparar povos, mesmo que de cidades vizinhas, não faz sentido, não é? Cada um vive a seu modo, cria a seu modo. Tomara que seja mesmo uma tese, tomara que faça as pessoas pensarem um pouco mais no tipo de rotulagem que colocam nas outras. Adorei seu texto! Um grande beijo.

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  17. Oi Karlinha!
    Que saudade de tu querida!!!
    Olha, discriminação é crime, não importa se é pela cor, raça ou opção sexual. Estamos no século 21 e tudo isso é um absurdo. Agora quanto a dizer que os baianos são malemolengas, que são festeiros, etc... acho que não precisamos pegar tão pesado, afinal eu não vejo isso como ofensa, pois todas as vezes que falo assim, falo com um certo carinho, afinal, quem não gostaria de viver na Bahia... lugar de praias lindas.... com o autêntico carnaval.... visitada por milhares de turistas.... conhecida no mundo todo.....
    Não vejo isso como racismo não.
    Mas, aí vai de cada um.
    Sei bem que infelizmente existem pessoas que falam isso com maldade, mas fazer o que.

    Um beijo e obrigada pela sua visita!!!!

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  18. Oie! Creio eu que a preguiça
    está em todos os lugares, e as
    vezes ela quer nos pegar de jeito *rs
    Amei ler seus post e já estou te seguindo.
    Beijokasssss
    Hanan Mustafa e as Florzinhas
    www.trakinandocommamae.blogspot.com

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  19. Oi Ana!
    Saiba que fiquei muito feliz com sua visitinha lá no blog!
    Sabe que é ótimo alguem ter feito uma tese falando sobre"a famosa preguiça baiana".
    O povo baiano ficou"taxado"só por terem fama de povo festeiro e lento..rs*
    Mas isso não passa de um preconceito.Tive um namoradinho baiano que a mãe dele trabalha horrores.
    Sempre que eu perguntava como ela estava,não é que a muié...estava sempre trabalhando?!
    Eu sou até suspeita em falar,deste povo tão lindo e amado.Tenho duas amigonas do peito que são baianas e eu as AMO demais!
    ôoo povo mais receptivo e amoroso esse,viu?!
    Um super beijo e que tu tenha um lindo final de semana junto a sua familia.
    Danny e Matheus
    www.mamysdematheus.blogspot.com

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  20. Oi Ana!!
    Obrigada pela visita!
    Bjos e bom fim de semana!

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  21. Oi Ana, são textos que vemos lendo aqui e compartilhando com outros, não é?
    Beijos, boa tarde e ótimo final de semana!

    Não quero me estourar dos braços, mas hoje conectado há mais de quatro horas.

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  22. Oi Karla

    Nunca estive na Bahia, mas concordo que em lugares turísticos quem mais se diverte são mesmo os turistas. Os moradores se matam de trabalhar.
    Muito interessante este post. Gostei.

    Bjs no coração!

    Nilce

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  23. Oi, Ana!
    Gostei muitíssimo do post! Parabéns por compartilhá-lo com a gente.
    Meu sogro é baiano, foi atleta, professor. Hoje é funcionário público, dá um duro danado e na cozinha, não há ninguém melhor do que ele! Pense em um homem que cozinha pacas!!! E principalmente comida baiana da boa! Ai ai ai, só de falar dá água na boca!
    Um xero com cheirinho de neném (o meu!) pra vc!
    Maíra.

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  24. Parabéns, tem mais é de defender o seu torrão natal, achei o texto fantástico e compartilhei no twitter.
    Bj
    Adri

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  25. Olá filhota.
    O caso é: "Crie fama e deite na cama"
    Valeu a postagem.
    Maria Luiza (Lulú)

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  26. São tentos os preconceito que estudos como esteque nos apresentou são preciosos pata dismistificá-los.
    bjs,

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