quarta-feira, 26 de maio de 2010

Bullying







Depoimento da sobrinha da Fátima do blog 


Viver é afinar o instrumento:



Meu nome Juliana, Juju pra tia Fátima, editora deste blog.

Semana passada tia Fátima me convidou para escrever a postagem da

Blogagem coletiva: Não ao Bullying. Por quê?

Eu sofri tanto bullying quando era criança e esse fato marcou tanto a minha

vida que até hoje sofro as conseqüências.

Sempre fui gordinha e na escola recebia todos os apelidos que vc pode

imaginar. As meninas não queriam ser minhas amigas e os meninos sempre

me magoavam com apelidos chulos. Acabei criando uma concha de proteção e

deixava entrar pouquíssimas pessoas.

Tentei vários regimes, minha família sempre me apoiou, mas eu não queria ser

diferente, hoje vejo que nem era tão diferente assim e que a implicância tb

estava ligada ao fato de ser boa aluna e ganhar todos os concursos e viajar

sempre para a Disney ou para esquiar no Chile, mas só hoje eu tenho

consciência disso.

Quando entrei na adolescência já fazia terapia e tinha tão baixa auto estima

que meu psicólogo me indicou um endocrinologista e com muita dificuldade

consegui chegar ao tal do “peso ideal”. Eu, com 14 anos, tinha um metro e

setenta e pesava cinquenta e oito quilos. Só Deus sabia os sacrifícios que eu

fazia para manter esse peso.

Comecei a viver, tinha amigos, namorados e participava de todas as atividades
que sempre sonhei. Falo que comecei a viver pq escutei tanto que ser gordo
era ser ninguém que acabei acreditando nessas palavras como verdade
absoluta.

Agora estava tudo bem! Quem me dera! No final do último ano do ensino médio

comecei a ouvir comentários das minhas colegas que eu estava meio gordinha

e que assim, como eu poderia viajar para praia no final do ano e usar

biquíni. Gente, eu estava pesando os mesmos 58 quilos!!!!!!!! O que tinha

mudado tanto?

Comecei a ouvir uma vozinha na minha cabeça o tempo “vc tem que

emagrecer, vc tem que emagrecer”.

A gota d’água:

Fui com algumas colegas do colégio fazer compras em um shopping para a tal

viagem para praia (no colégio onde eu estudava, no final do ano, todos os

alunos aprovados no 3º ano do ensino médio ganham uma viagem para um

resort na Costa do Sauípe na Bahia).

Quando entramos nos provadores começaram as piadinhas:

Olha o tamanho do biquíni dela!

Olha a barriga dela!

E o pior de todos, só consegui entrar em calças jeans nº. 40. Daí pra frente

meu apelido passou a ser “40”.

_ Oi 40 como vai?

_ E ai 40 vai à praia tb?

E para fechar com chave de ouro, terminei um namoro de três anos e lógico,
coloquei a culpa toda no meu “peso”.

Passei um final de ano miserável psicologicamente falando e nem o fato de ter

passado em veterinária na UFMG melhorou meu ânimo.

Voltou tudo e com força total: SER GORDA É SER NINGUÉM!

Minha mãe, meu pai, irmão tios, amigos de verdade todos falavam e repetiam:

_Jú, vc não está gorda!!!!

Mas nada adiantava e ai comecei a maior burrice da minha vida, um regime por

conta própria. No início tirei os carboidratos e açúcar e 3 horas de malhação

todos os dias da semana. Depois tirei as carnes e dobrei as horas de

malhação. Neste período encontrei tia Fátima no teatro aqui da cidade e ela

quase caiu pra trás quando me viu e me perguntou pq eu estava tão magra, se

tinha adoecido e coisa e tal e eu falei para ela que estava de dieta para entrar

na faculdade vestindo calça nº. 36. Tia Fátima me perguntou que loucura era

aquela e eu falei para ela não se preocupar que eu estava bem e que ainda

faltava muito trabalho pela frente. No outro dia é claro que ela ligou para minha

mãe e pergunto se ela não estava vendo o que estava acontecendo comigo.

Minha mãe estava trabalhando muito nesta época e realmente me via muito

pouco. Depois da “chamada” da tia Fátima, colocou a Cida, nossa secretaria,

para me vigiar, pq ela sempre estava no aeroporto e meu pai viajando a

trabalho. Enganar a Cida foi moleza e em pouco tempo estava comendo uma

maçã por dia e um iogurte Activia no jantar. E sempre que me via no espelho
me achava tão gorda e me acabava na academia.

Comecei as aulas na faculdade e nem a maçã eu comia direito mais. Ai a vaca

foi pro brejo. Desmaie em plena sala de aula e fui levada inconsciente para um

hospital. Fui direto para UTI e tive uma parada cardiorrespiratória. Quando

voltei a ter consciência me contaram que eu já estava lá há uma semana e

ainda fiquei mais 15 dias internada e meu médico só me liberou quando meu

nível de potássio no sangue estava aceitável, mas antes teve uma conversa

muito seria comigo e com meus pais e disse que eu apresentava um quadro

grave de anorexia nervosa e que se meus pais não tomassem uma decisão

logo eu não viveria muito tempo. Minha tia falou sobre isso aqui no



Depois de muita resistência minha fui internada em uma clínica e lá fiquei por

um ano aprendendo a comer novamente.

Hoje tenho como herança desta fase da minha vida: arritimia cardíaca,

tratamento psicológico sem previsão de alta tão cedo e algumas recaídas que

me dão tanto medo. Tenho hoje 20 anos, um metro e setenta e três e peso 60

quilos e por incrível que pareça, mesmo com todo tratamento, me considero

gordinha ainda, mas posso admitir que estou ganhando esta batalha, não é

fácil, mas como sempre canta a tia Fátima:  Gente Vai Continuar




Depoimento da Sônia Notaro, indicado por Glorinha do Café com Bolo 


Olá Glorinha,


eu ja vivenciei isso com um dos meus filhos a uns 7 anos atrás, qdo nem se falava 


sobre isto, ocorreu no colégio que ele estudava e por ser tímido , então 3 garotos que 


cursavam um ano a mais que ele resolveram que ele seria a bola da vez, então quando 


eu comecei a perceber um certo descontentamento com meu filho a coisa já acontecia 


a muito tempo, ele deixou de fazer natação,sempre foi bem em todas as matérias, 


passou a odiar o colégio, e olha que eu sempre perguntava a ele como estava sendo o 


seu dia, sobre os estudos, sobre tudo,isso ocorreu quando ele passou a usar óculos e 


engordar um pouco, ele era muito magro antes, simplifico agora: chego para apanhar 


meus filhos no colégio e eles vieram para o carro então eu desci para falar com o 


professor de natação para saber o motivo dele não querer frequentar as aulas, nesse 


momento eu vejo uma gritaria e meu carro sendo balançado, meus filhos dentro, um 


deles tinha puxado o óculos de meu filho e pisado, foi quando eu corri, junto com 


outras mães e professores, e olha que eu estava dentro do estacionamento do colégio




e eles correram, eu ligo para o meu marido que trabalha próximo e falo com era os 


garotos, então quando ele chegou ao colégio percebeu uma turminha dando altas 


gargalhadas falando exatamente o que tinha ocorrido, conclusão foi uma confusão 


sem fim ,os 3 adolescentos ficaram com medo que seus pais soubessem, eram 


protegidos do professor de futsal, por serem jogadores,e quiseram abafar o caso, mas 


seguimos adiante e fomos a diretoria. Para não prolongar tanto, eles foram suspensos, 


os pais não souberam, as mães com muita covardia tiveram que se apresentar ao 


colégio, a 1º mãe ,filho único, mimado, o pai procurador da justiça e muito brabo, não 


podia dizer a ele o ocorrido, a 2º mãe o marido era delegado regional e nunca iria 


acreditar em nós, esta foi bem mais arrogantes, a 3º mãe disse que ele era assim e não 


mudaria, então a família educa como?Quanto a atitude do colégio, depois do ocorrido 


passou a fazer palestras sobre bulling, mas houve uma grande preocupação para que 


a história não ultrapasasse os muros do colégio.O que me restou foi cuidar do meu 


filho com psicólogos, ficar ainda mais atenta mesmo sabendo que marcas ficam, ele é 


um bom garoto agora com 21 anos, e é um filho maravilhoso, e quanto aos 3 rapazes 


que na época tinham entre 16 e 17 anos, um foi preso por tráfico,a 2 anos, os 3 


repetiram de ano, e passaram a falar normalmete com meu filho, pensei em mudá-lo de 


colégio, mas hoje tenho certeza que a melhor coisa que fiz foi enfretar a situação e 


ficar cobrando do colégio uma maior interação dos pais com o comportamento que 


seus filhos costumam ter fora de casa. E eu e meu marido nos esforçamos muito para 


que nossos filhos estudassem em colégios bons, mas foi lá que meu filho foi refém da 


maldade de adolescentes acostumados a brincar com a vida de qualquer um, basta 


eles escolherem.Este foi um desabafo de uma mãe de 2 filhos, que me são preciosos 


.Agradeço o espaço para escrever sobre algo que é real e precisa ser contido.


Bjs, Sonia Notaro


soninotaro@hotmail.com




Tata do blog Sim! Mulher... está falando sobre cyberbullying. Excelente.

22 comentários:

  1. Que horror esse depoimento da sobrinha da Fátima! Coitadinha...e como crianças e adolescentes são maus, maigodi...cada vez mais eu penso que a impunidade que começa em casa e vai até as mais altas esferas do poder dão essa sensação de poder aos jovens...falta educação, falta limite, falta conversa de pai e mãe pra filho....muito triste isso....beijinhos.

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  2. Sabe Ana,
    o que eu não compreendo é que muitas vezes escuto de colegas de trabalho (professores) que isso não é nada é só coisa de criança.
    Quanta ignorância!
    Bjs.

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  3. OI Ana

    A questão, como podemos observar pelos depoimentos, é bem complexa. A agressão psicólogica leva às doenças graves, principalmente na criança e adolescente, pois o pertencimento ao grupo de iguais é vital nestas etapas da vida.
    Portanto, enfatizar todas as variáveis, conscientizar sobre a reponsabilidade das atitudes aobre o outro, são formas muito necessárias para o entendimento sobre este assunto.
    Sua iniciativa na realização desta blogagem foi muito feliz.

    bjs,

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  4. Aninha,
    Com você na divulgação, já fiz a postagem!
    Beijos
    Mari

    http://mari-meucantinhodesonhar.blogspot.com/2010/05/blogagem-coletiva-bullying.html

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  5. Ola,Ana.
    Que bom que a blogagem coletiva se espalhou por mais blogs.Esse servico de utilidade publica tambem e nossa funcao.Bacana ver essa semente se espalhando e conscientizando cada vez mais pessoas.Grande xero.zenaide storino.

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  6. GLORINHA, triste mesmo e esses são só alguns casos que estamos vendo.

    FÁTIMA também considero uma enorme ignorância.

    PENSANDO EM FAMÍLIA , gostei muito do seu post. Psicologicamente você falou e pude aprender mais.

    MARI vou lá ver. Obrigada

    ZENAIDE, esta blogagem quem me encorajou foi você, pois estás dando força desde o início.
    Obrigada amiga.

    Xeros pra todas!

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  7. Ana Karla, apenas escrevi minha opinião, não conheço nenhum caso de bullying efetivamente.
    Não sabia que aqui no Brasil tínhamos tantos casos, a coisa é séria!
    Bj

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  8. É LÚCIA, é sério sim. Precisamos ficar de olho e todos juntos combatermos essa terrível prática.
    Xeros

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  9. Ana Karla, postei meu recadinho sobre Bullying agora. Não o fiz mais cedo porque tinha um outro assunto que também merecia atenção, depois você olha lá no meu blog, os dois posts. Fico indignada com depoimentos como esses. Sei bem o que é isto, infelizmente e não quero para ninguém. Nem mesmo para aqueles que não desejam ser meus amigos. Bjs: Tia Ném.

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  10. Oi Aninha:

    "tardei mais num fartei"....hehehe

    Já fiz a minha blogagem contra o bullying!

    Va,os botar pra quebrar e acabar de vez com essa prática odiosa em todas as escolas!

    Beijooooo

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  11. Olá Ana,
    Muito bom o teu post porque aborda este grave problema, com relatos de quem passou por isso e sofreu bastante. Os relatos são mesmo impressionantes!...
    Beijinhos,
    Manú

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  12. Oi flor, vim conhecer seu bog e me deparei com esses depoimentos horríveis e o pior é quando o pai dos agressores não faz absolutamente nada e acaba criando um ser humano despresível!!!

    Adorei seu blog...

    Quando tiver um tempinho venha me visitar e se gostar me siga para trocarmos idéias!!

    bjks

    http://barbirezende.blogspot.com

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  13. ACABEI DE POSTAR A MINHA PARTICIPAÇÃO..NÃO FOI POSSIVEL ANTES.
    Http://sandrarandrade7.blogspot.com
    vou te esperar por lá.
    sandra

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  14. Realmente as histórias se repetem e complicam a vida de todos. Quantos sofrem calados, sem ter o poder de se manifestar. Infelizmente mesmo após todoas as conscientização, vai demorar para nossos alunos mudsrem de posturas.
    As pessoas, tem que mudarem o seu comportamente. Olhar mais amigo e sincero..
    Menas agressão.. Menos violência.E muito triste o que está acontecendo...
    Carinhosamente,
    Sandra

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  15. Fiquei sabendo dessa blogagem coletiva através da Tati. Interessante que por coincidência eu tratei levemente do assunto no meu blog. Meu filho, aos 21 meses (isso mesmo, meses!) foi vítima de bullyng. Os casos relatados aqui são muito sérios e me deixou muito preocupada. O acontecimento com o meu filho já me deixou cheia de pulgas atrás da orelha: O que fazer? Como evitar?

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  16. Oiee Ana!!
    Olhe, não é um tema fácil de falar, e conviver então é pior ainda, consegui postar no blog, tem até videos q cheguei a ver no you tube, quer dizer na verdade a maioria quando começava não tive coragem pra ver até o fim, é pq é tanta violencia desnecessária que fico mal qdo vejo.
    Bem, tentei tocar no assunto de uma forma mais leve possível, mas que chega a ser de arrepiar este assunto ah isto é sim!
    Mas te agradeço o convite e a oportunidade.
    Beijos♥

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  17. Ana Karla!
    Excelente a blogagem! Está dando um panorama real do que vem acontecendo e crescendo em nossa sociedade.
    Fiquei chocada com os dois depoimentos e vejo que por trás tem pais com alto grau de poder nesta mesma sociedade. Triste isso tudo!
    Temos que lutar falando, expressando nossa indignação e exigindo que providências sejam tomadas.
    Parabéns pela blogagem!
    beijinhos cariocas

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  18. nossa! que depoimento chocante! se me permite também quero levar o selo e escrever alguma coisa no meu blog...

    bjs!

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  19. Adorei NÉM, grande participação, viu?!

    É isso aí SIL, nunca tá tarde.

    SANDRA, valeu demais a sua participação. Estamos todos juntos.

    MÁRCIA, com essa blogagem tivemos vários casos e exemplos e formas como evitar. Vou te visitar(rs)

    TERESA, gostei demais da sua blogagem, como sempre real.

    Pois é Beth, além desses dois casos, temos muitos e muitos por aí. Obrigada por sua atenção.

    Srta LUA, fique sempre a vontade.

    XEROS PRA TODOS E OBRIGADA PELA ATENÇÃO.

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  20. Ana, fiz menção a sua blogagem coletiva sobre bullying neste post. No dia não pude fazer um texto sobre o assunto, mas deixei um link ótimo na postagem! Vai lá ver!! Beijus,

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  21. Eu já fui vítima de bullying. Meus dois filhos também sofreram com isso.

    Se levarmos as definições ao pé da letra, veremos que, como cidadãos brasileiros, sofremos contínuo bullying por parte de algumas minorias.

    Eu ofereceria a você, Ana Karla, e aos seus prezados amigos, mais informações acerca desse tema em meu outro blog (de política e cidadania - marcador: bullying), inclusive abordando mais um caso sério de suicídio devido ao bullying na Internet:

    http://zerguipfleger.blogspot.com/2010/04/intimidacao-pelo-facebook-induziu.html

    Eu ainda não descobri o significado, mas deve ser legal:
    Xeros para você também.

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